Fogo

E eu que pensei que aquele fogo não me podia tocar. Pensei que não seria arrastado para aquele inferno.
E eu que errei, que lamentei o sonho que me foi posto à frente sem lhe poder tocar pois era quente – quente demais – queimava-me os dedos.
Mas a minha mão alcançou para alem das chamas, para alem da dor e para alem do sonho.

Era frio, constante e bom. Sabia a aquele rebuçado acabado de desenrolar, tão doce a derreter-se na língua e tão áspero a passar pelos lábios. Ah, como eu adoro sentir os cortes fragmentados entre o físico e o psíquico dilacerarem-me como um animal morto preparado a entrar no fogo!

Mas não. Cara é a paixão que afoga esse sentimento. E o doce não desaparece antes de ser engolido.

E eu que pensei que não me iria queimar. E eu que pensei que apenas os meus dedos sentiram o calor antes de lhe tocar.

Todo eu em fogo, em loucura e a vontade de dilacerar a carne. Arrancar os olhos para nunca mais ver a fonte que me faz levar à loucura.

Agora quero saber! Sim porque o meu direito não morre quando eu perco a doçura que se desfez na minha garganta! Quero saber, o quanto te vais queimar? Porque eu já não ardo mais. Um braço já chega de sacrifício. O meu corpo já è loucura. A minha alma…

A minha alma, essa já mais alguém terá mão.

E eu que pensei que as chamas tinham amansado… és fogo vivo que me desfaz a pele com fervor.

Queima-me! Devora-me! Apaga-me pois eu não quero arder mais!

2 comentários:

Nerzhul disse...

Delirium, tal e qual.

A fénix renasce somente para ser consumida em chamas novamente.

AJPires disse...

O fogo queima, magoa, mas purifica, mata a impurezas, como tal, deixa apenas o que é bom. Como ele é o que devemos fazer, deixar o que bom, e em vez de eliminar o que mau, aprender com ele.

Dilira, no fim vem a clareza da mente e do espírito.